16 de abr. de 2012

Cemitério

Texto: Celly Borges
Ilustração: Fabz

Eu andei por aquelas ruas, caminhei todas elas. Sozinha.
Minha boneca me acompanhou todo o tempo. Ao meu lado ela seguia a passos rápidos. Ela me olhou e apontou, e aqui estou eu, na porta da casa das pessoas mortas.

Esperei por um minuto e o portão foi aberto. O moço vestia uma roupa muito bonita, mas estava rasgada. Mamãe sempre me disse para não usar nada rasgado, pois as pessoas poderiam falar. Meu vestidinho florido estava intacto.

O moço mostrou o caminho. Havia muitas camas em todo o salão, e em cada uma, uma pessoa dormia pela eternidade.

Vendo que eu me demorava em alguns pontos, ele me esperava tentando sorrir para conquistar minha amizade. Que triste era ter um sorriso falso. E olhos que demonstravam isso.

Chegamos onde ele queria. Mostrou várias camas, todas pequenas. Todas ocupadas, todos descansando. E eu sorri. Havia feito um bom trabalho na escola com os doces envenenados.


Celly Borges
É editora do selo Fantas, revisora, autora, e escreve resenhas no blog: Mundo de Fantas


Fabz
Seus trabalhos podem ser visualizados no site: flickr.com/fabz

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