Conto: Eduardo Capistrano
Ilustração: Isabele Linhares
Corre. Corre. A escada, sobe, rápido. Feche o alçapão. O baú, em cima dele. O homem está vindo. Onde se esconder? Nas vigas. Suba nas vigas. Um estrondo. Está batendo no alçapão. O baú aguenta pouco. Novas batidas. O alçapão escancara. O cano da escopeta aparece primeiro. Se esconda. Não tem como ficar ali pra sempre. Minha casa. O homem está em minha casa. Não consegue esquivar do facho da lanterna. Abre seus 2...4...6 braços, tenta assustá-lo. O tiro de escopeta arrebenta um dos braços longe. Agarra-o com os restantes. Fecha as quelíceras ao redor de sua cabeça. A lanterna o atinge do lado da cabeça. A coronha da escopeta. Um tiro no peito. Rasteja, vazando ícor, seis mãos esticadas para os ovos, na teia no canto do sótão, de onde pendia, ressecada, a família do homem.