Texto: Mel Ferreira
Foto e Pós: Eli Firmeza
Estrelando: MAÍRA LOUR
Maquiagem: Ana Bellenzier e Fabrício
Figurino: Dayane Bernardini
Mesmo que você estivesse livre de todos os pesadelos
Se teus olhos fechados, abrissem a alma para um sonho
Ainda que você fosse calmo, e não sofresse, cardíaco, de um suspense tão grave, a ponto de seus pés se atirarem, automáticos, em peito alheio
Ainda que você nomeasse todas as coisas. E as fizesse existir para o dicionário – embora não para os homens
Se você fosse Zeus e tua voz ecoasse no vento, até ensurdecer os ouvidos menos e mais atentos
Ou se você cantasse com asma uma música de agonia quase insuportável
Ainda que você morresse e depois disso descobrisse o segredo mais íntimo das tuas calças, ou encontrasse aquela moeda da sorte que você perdeu aos 8 anos
Ainda que você soprasse nos ouvidos da pessoa amada, música hipnótica, e a encontrasse nos braços afoitos e aflitos e arrepiados que você carrega todos os dias
Ainda que você estivesse vivo
Mesmo que no meio da rotina cansada e do corpo suado, e do carro estragado e das prestações a pagar
Até, se você não estivesse tão solitário
Ainda assim, você não saberia o que é subir em uma laje e ser atacado por um zumbi (por exemplo)
Ainda assim, nada seria tão terrível quanto acordar todos os dias.
Mel Ferreira
Publica outros contos e narrativas em seu blog: http://eternoseefemeros.wordpress.com Eli Firmeza
Filmes e trabalhos de direção e fotografia em: http://vimeo.com/elifirmeza
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