31 de mai. de 2012

(4) Por causa da editora que não gosta de literatura pulp

Texto: Fabiano Vianna
Fotos: Marco Novack
Estrelando: Dimis Sores, Carolina Fauquemont, Nika Braun & Wagner Corrêa
Arte: Marja Calafange
Figurinos: Day Bernardini
Maquiagem: Carol Suss
Assistente de Maquiagem: Grace Lee França
Apoio: Trio Luz

Agradecimentos : 
Raquel Deliberali, Ato 1 LabEugênia Castello Andrea Tristão







Parte 4

Mas aí aconteceu uma coisa que não estava nos meus planos. Mônica, a terceira da lista, era – pasmem – uma pessoa incrível, apesar de ter escrito vários romances chorosos dramáticos, entre eles a história de uma ex-BBB viciada em macarrão instantâneo. Ela me disse que gostava mesmo é de literatura pulp e ficou empolgadíssima quando mostrei minha coleção de fotonovelas de zumbis. Ainda me contou que fez teste para participar de um filme do Zé do Caixão nos anos oitenta e que a esqueceram numa cova durante duas horas. Eu sempre quis conhecer alguém que tivesse participado daquelas seleções.
O papo fluiu muito bem, falamos até sobre The Walking Dead, mas eu só conseguia pensar, durante o jantar, no calango que eu tinha pagado para forjar um assalto e enfiar uma faca no bucho dela. Ele nos esperava lá fora, escondido atrás de um poste. Eu tinha pagado quinhentos pilas adiantado, com a promessa de saldar o restante quando ele finalizasse a moça. O plano era perfeito, ia parecer um assalto seguido de morte.
Mas não imaginei que Mônica poderia ser tão bonita e gente boa. Estava certamente rolando um clima.
Tentei prorrogar ao máximo o jantar, pedindo vinho e sobremesa. Depois que terminamos o pudim, ainda pedi mais um cheesecake.
Ela, ainda por cima estava muito elegante, e usava sapato social masculino. Eu sou fascinado por mulheres que usam sapato social masculino.
Propus então que pegássemos um taxi, para que não nos molhássemos. Solicitei que o maître ligasse e o carro parou bem em frente ao restaurante, na Saldanha Marinho. Andamos rápido, mas o ladrão surgiu de repente, com faca na mão. Tive que me jogar em cima, o que lhe causou espanto. Ele dizia no meu ouvido: “Ei, isso não foi combinado. É para fingir que lutamos?”. Peguei a faca da mão dele e gritei para que Mônica entrasse logo no taxi. Ela correu desesperada e eu fui logo depois, respirando através da bombinha, com a faca do bandido em mãos. Bradei para o taxista: “Mete o pé porque quase fomos assaltados!”.
Disse o endereço para o motorista e Mônica ficou impressionada com minha bravura: “Não imaginei que um rapaz tão frágil pudesse ser tão valente. Muito obrigada, meu coração está batendo forte!”
Aproveitei o nervosismo para convidá-la a beber uma água e descansar lá em casa. Ela topou. No caminho passamos num posto para comprar algumas cervejas e eu comprei também um pacote de camisinhas, sem que ela notasse e enfiei no bolso de dentro do paletó. 


(continua...)

Fabiano Vianna 
Brasileiro. Nasceu em Curitiba, Julho de 1975. Formado em Arquitetura e Urbanismo. Trabalha como diretor de arte, designer, ilustrador e escritor. Como escritor expressa sua literatura na forma de fotonovelas. Lançou em Outubro de 2009 a revista de literatura pulp, Lama. Em Junho de 2011, lançou a Lama nº 2. Gosta de Moleskines, fotonovelas, charutos, lambretas, gravatas, noir e literatura fantástica. Não fica nem um dia sem o café tradicional das padarias do centro da cidade. Mantém também
 o blog www.contosdapolpa.blogspot.com. 

Marco Novack

Publica suas imagens no site: http://www.marconovack.com.br

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