Fotos: Marco Novack
Estrelando: Dimis Sores, Carolina Fauquemont, Nika Braun & Wagner Corrêa
Arte: Marja Calafange
Figurinos: Day Bernardini
Maquiagem: Carol Suss
Assistente de Maquiagem: Grace Lee França
Apoio: Trio Luz
Agradecimentos : Raquel Deliberali, Ato 1 Lab, Eugênia Castello & Andrea Tristão
Fabiano Vianna
Brasileiro. Nasceu em Curitiba, Julho de 1975. Formado em Arquitetura e Urbanismo. Trabalha como diretor de arte, designer, ilustrador e escritor. Como escritor expressa sua literatura na forma de fotonovelas. Lançou em Outubro de 2009 a revista de literatura pulp, Lama. Em Junho de 2011, lançou a Lama nº 2. Gosta de Moleskines, fotonovelas, charutos, lambretas, gravatas, noir e literatura fantástica. Não fica nem um dia sem o café tradicional das padarias do centro da cidade. Mantém também o blog www.contosdapolpa.blogspot.com.
Marco Novack
Publica suas imagens no site: http://www.marconovack.com.br
Arte: Marja Calafange
Figurinos: Day Bernardini
Maquiagem: Carol Suss
Assistente de Maquiagem: Grace Lee França
Apoio: Trio Luz
Agradecimentos : Raquel Deliberali, Ato 1 Lab, Eugênia Castello & Andrea Tristão
Parte 2
Esperei Fernando ir ao banheiro para
borrifar estricnina no café. O problema é que sou meio ruim de mira e acabei
molhando o livro que ele levou de presente para mim. Também porque, quando fico
nervoso, tremo um pouco. Mas deu tempo de secar o tomo na minha blusa antes
dele voltar.
Quando sentou, perguntou se estava tudo
bem, e eu respondi que sim – foi só um calor repentino por causa da bebida. Eu
suava muito e a cada sorvida de café que ele dava, eu tremia mais.
Antes de a toxina começar a agir, ainda
conversamos mais um pouco. Ele me contou sobre seu último e sonolento livro, “Voa, voa, andorinha” e pensei que talvez fosse
o antídoto para meu problema de insônia. Foi o exemplar que ele me deu, além de
várias dicas de como escrever “grande literatura” e largar de vez o pulp. Eu
poderia também usar o volume como peso para segurar a minha porta da lavanderia
que está com problema na fechadura.
Inventei uma desculpa qualquer e vazei,
antes que ele começasse a estrebuchar. Paguei minha conta, disse “quanto o
admirava”, agradeci a paciência de se encontrar comigo, me despedi do “amigo” e
caminhei em direção à Praça Osório, onde sentei num dos bancos. Cronometrei dez
minutos e voltei até o Café.
Uma ambulância da ECO SALVA piscava vermelho e azul na frente, enquanto enfermeiros
carregavam o corpo do escritor. Pensei comigo: “Não é que funcionou!” Um grupo
de curiosos reuniu-se em volta e pude ouvir uma das pessoas falar “Era um baita
escritor! O melhor da cidade. Grande perda!”
Escutar o comentário me deixou puto, mas
não chegou a estragar o prazer que sentia. Antes de subir passei na Pizzaria
Itália e comprei cerveja. Coisa que eu raramente faço, porque prefiro Yakult ou qualquer outra bebida. Mas não
sei por que naquele momento senti vontade de beber “uma gelada” – como dizem os
amantes da loirosa.
Eu estava me sentindo muito bem, era como se
eu tivesse sido ligado em duzentos e vinte. Fui dominado por uma súbita vontade
de escrever. Paguei a bebida e subi até o apartamento.
Desfrouxei a gravata, abri a latinha e
comecei a digitar imediatamente. Neste dia, escrevi minha primeira história de
cotidiano: “A Andorinha capenga”. Segundo a editora, minha melhor crônica.
Descuido
do ralo e a peneira entope de novo. Não sei quanto tempo fiquei olhando em
direção ao nada. Odeio quando a água sobe e suja as louças. Por sorte não
transbordou. Enfio a mão no meio da água com detritos boiando e libero a
peneira para que a água escoe.
O resto da lasanha que esquentei no
microondas quinta-feira passada se transformou num grude mutante colado no
prato. Meto detergente e esfrego com Bombril.
Então o pedaço se parte em vários fragmentos menores, escorrem com a água e se
concentram na peneira do ralo para então jogá-las no lixinho. A massa desforme
lembra-me a carne da escritora dilacerada pelas mandíbulas do jacaré.
(continua...)
Fabiano Vianna
Brasileiro. Nasceu em Curitiba, Julho de 1975. Formado em Arquitetura e Urbanismo. Trabalha como diretor de arte, designer, ilustrador e escritor. Como escritor expressa sua literatura na forma de fotonovelas. Lançou em Outubro de 2009 a revista de literatura pulp, Lama. Em Junho de 2011, lançou a Lama nº 2. Gosta de Moleskines, fotonovelas, charutos, lambretas, gravatas, noir e literatura fantástica. Não fica nem um dia sem o café tradicional das padarias do centro da cidade. Mantém também o blog www.contosdapolpa.blogspot.com.
Marco Novack
Publica suas imagens no site: http://www.marconovack.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário