2 de jun. de 2012

(6) Por causa da editora que não gosta de literatura pulp

Texto: Fabiano Vianna
Fotos: Marco Novack
Estrelando: Dimis Sores, Carolina Fauquemont, Nika Braun & Wagner Corrêa
Arte: Marja Calafange
Figurinos: Day Bernardini
Maquiagem: Carol Suss
Assistente de Maquiagem: Grace Lee França
Apoio: Trio Luz

Agradecimentos : 
Raquel Deliberali, Ato 1 LabEugênia Castello Andrea Tristão




Parte 6    Final

Acordei cedo no outro dia para comprar produtos de limpeza. Aproveitei também para reabastecer a geladeira com cerveja. Trouxe logo dois engradados. Foi trabalhoso esfregar o piso e limpar o sangue. Não sabia o quanto era difícil. Definitivamente é melhor usar veneno para matar as pessoas. Enrolei o tapete e liguei para a lavanderia.
Daí sentei em frente ao computador, mas não consegui escrever. Como a inspiração não veio, mandei um email para a editora com as crônicas que havia escrito até então. Ainda não eram suficientes para formar um livro, mas pelo menos dava para sacar o clima.
Abri uma lata e fui até a janela. O mundo continuava em sua organicidade banal: os vizinhos passeando com cachorros – entre bombas de cocô, na pracinha da Americanas, o vendedor de gravatas dando encima da mocinha da Ótica, o mendigo que parece o Gandalf, encostado no poste da esquina. Olhei para as janelas do prédio e vi outras cenas habituais – tudo matéria prima para novas crônicas.
Toca o telefone. Paro de lavar a louça e fecho a torneira. É minha editora, dizendo que adorou as crônicas e quer marcar uma reunião. Comenta a nefasta coincidência de terem morrido três escritores que ela publicava. Combinamos de nos encontrar à tarde num café do Batel Soho.
Desligo e abro mais uma latinha. Não acredito que enfim serei publicado!
Se isso acontecer, não precisarei mais matar nenhum escritor.
“Poxa, mas era tão bom...e agora?”
Talvez seu eu bolar uma nova lista de desafetos.
O atendente mal humorado do Café da Boca, que finge esquecer que eu gosto de meu sanduíche de queijo e presunto esquentado na chapa, pode ser o primeiro.

(fim)

Fabiano Vianna 
Brasileiro. Nasceu em Curitiba, Julho de 1975. Formado em Arquitetura e Urbanismo. Trabalha como diretor de arte, designer, ilustrador e escritor. Como escritor expressa sua literatura na forma de fotonovelas. Lançou em Outubro de 2009 a revista de literatura pulp, Lama. Em Junho de 2011, lançou a Lama nº 2. Gosta de Moleskines, fotonovelas, charutos, lambretas, gravatas, noir e literatura fantástica. Não fica nem um dia sem o café tradicional das padarias do centro da cidade. Mantém também
 o blog www.contosdapolpa.blogspot.com. 

Marco Novack

Publica suas imagens no site: http://www.marconovack.com.br

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