2 de jul. de 2015

Barba ruiva

Conto: Diego Fortes
Ilustração: Francisco Gusso


Estou de pé. No sótão da casa. Minha casa? Sim, minha casa. Não tenho dúvida... Estou de pé no sótão fazendo o quê? Estou em minha cama. Ouço barulhos. Estalos que vêm de cima. Pantufas. Há um vulto na sombra. É um manequim. Não é um manequim! Está se mexendo! Faz sol. Estou no quintal. De pé. Vejo alguém que me olha da rua. Barba ruiva volumosa. Estou na rua. De pé. Vejo alguém que corta grama. É noite. Uma claraboia sem tranca. Múltiplos cortes. Sangro. Ele. Não sou eu quem sangra. De pé. Com uma faca vermelha na mão. A barba molhada. Não. Esta não é minha casa! Aconteceu de novo. 

Um comentário:

  1. Demais man!
    Bom o desafio de escrever num determinado tamanho né?
    Achei este seu conto bem "Karamzístico" no sentido que não se define onde está, nem quem é.
    Um jogo de palavras e mudanças de narrador/personagem
    Muito bom!
    Adorei tudo.
    Muito bom o quanto conseguiu terminar de uma maneira surpreendente.
    A última frase faz o leitor repensar tudo.
    Ué...como assim, aconteceu de novo?
    Muito bom!!
    São raros os minicontos que conseguem evocar um mistério/jogo e conseguir fechá-lo com uma chave que encerre a ideia.
    Foram poucos que conseguiram isso e o seu finaliza de maneira esplêndida!
    Yeah man!!
    Você é foda
    Abração!!!
    F.

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